Tu, Porém: O Antídoto para a Ansiedade de Quem Acha que Está Ficando para Trás
Duas palavras do apóstolo Paulo que podem mudar sua relação com o sucesso, o dinheiro e as comparações.
Vocês conhecem esses programas que estão bombando no YouTube? “1 bilionário vs 30 trabalhadores”, “1 cristão vs 25 ateus”, “1 antifeminista vs 20 feministas”...
Tem uma coisa que aparece constantemente nesses debates envolvendo os “ricos”, principalmente quando o assunto é sucesso e dinheiro. Sempre tem alguém falando aquela frase clássica: “O sucesso depende exclusivamente de você!“, “Sucesso é uma ciência exata!“, “Se você não ficou rico, é porque não aprendeu a fazer direito!“
E sabe o que acontece? A galera sai desses vídeos se sentindo ou muito motivada ou muito culpada. Ou você pensa “Caramba, eu que sou fraco mesmo!” ou sai empolgado: “Vou conquistar o mundo!”
Mas aqui está a questão que quero colocar diante de você hoje: e se essa premissa toda estiver errada? E se o problema não for que você não sabe a “fórmula do sucesso”... e se o problema for que você está correndo atrás da coisa errada?
O Diagnóstico Brutal de Paulo
Há quase 2 mil anos, Paulo escreveu para um jovem chamado Timóteo que estava vivendo exatamente isso. Ao redor de Timóteo, tinha gente pregando a ciência exata do sucesso: “Se você quer ficar rico, faça isso, faça aquilo e Deus irá te abençoar...“
E Paulo não faz rodeios. Olha o que ele escreve em 1 Timóteo 6:9-10:
“Os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.”
Leu direito? Paulo não está falando de quem é rico. Está falando de quemquer ficar rico. O problema está no desejo, na obsessão, na corrida. E o resultado? Tentação, cilada, ruína, perdição, desvio da fé, tormento.
Não é um aviso leve. É um diagnóstico brutal.
Paulo está dizendo que essa busca desenfreada por riqueza e sucesso material não é apenas frustrante — ela destrói. Afoga. Desvia. Atormenta.
E Então Vem a Virada
É exatamente depois dessa descrição pesada que Paulo faz a virada. Versículo 11:
“Tu, porém, ó homem de Deus...”
Essas duas palavras — “Tu, porém” — são o divisor de águas. É como se Paulo dissesse: “Timóteo, você viu o que acontece com todo mundo que entra nessa corrida? Pois bem, você não é todo mundo. Você tem uma vocação diferente, um chamado maior.“
O contraste é proposital. De um lado: os que querem ficar ricos, afogando-se em ruína. Do outro: o homem de Deus, chamado para algo completamente diferente.
E essa tensão não é novidade na história bíblica. Adão e Eva tinham literalmente um paraíso nas mãos, mas não se contentaram — viram aquele fruto e pensaram: “Talvez possamos ser mais, ter mais.” Salomão tinha TUDO: sabedoria, riqueza, fama mundial, mas não se contentou com sua vocação de fidelidade a Deus. O jovem rico encontrou Jesus — a oportunidade da vida! — mas preferiu manter suas posses. Até Pilatos, que sabia que Jesus era inocente, escolheu manter sua posição política ao invés de fazer o certo.
Paulo coloca essas duas opções diante de Timóteo — e diante de nós hoje. De um lado: a corrida sem fim atrás de likes, sucesso, dinheiro, aprovação. Do outro: o contentamento que nasce de saber quem você é em Deus e qual é sua vocação.
Não É Proibição, É Graça
Aqui preciso ser honesto com você: Paulo não está fazendo uma lista de “coisas proibidas para cristãos”. Ele não está dizendo “Timóteo, riqueza é pecado, foge disso.” O que ele está fazendo é algo muito mais profundo — está lembrando Timóteo da sua vocação.
Quando Paulo chama Timóteo de “homem de Deus”, ele está nomeando quem Timóteo é. Não é um elogio vazio. É um chamado. Timóteo é um discípulo de Jesus. Ele tem uma missão, um propósito, uma caminhada a percorrer. E essa caminhada não combina com a corrida que todo mundo ao redor está fazendo.
Pensa comigo: por que um discípulo de Jesus entraria na mesma competição que Paulo acabou de descrever como cilada, ruína e perdição? Não faz sentido. Não porque seja “proibido”, mas porque o discípulo já tem algo maior diante de si.
A graça de viver para Deus, de seguir Jesus, de ter um propósito eterno — isso não é obrigação pesada. É privilégio. O discípulo não precisa provar nada para ninguém, não precisa acumular conquistas para se sentir alguém, não precisa da validação que o mundo oferece. Ele já sabe quem é e para onde está indo.
A diferença entre religiosidade e graça aparece exatamente aqui. Religiosidade diz: “Não posso buscar riqueza porque Deus não deixa.” Graça diz: “Não preciso dessa corrida porque minha vocação é outra — e ela é infinitamente melhor.“
O contentamento verdadeiro não nasce de abrir mão de coisas boas. Nasce de abraçar a caminhada para a qual você foi chamado.
Levanta a Cabeça
A tentação de olhar para os lados é constante. O colega que comprou o apartamento, o conhecido que postou a viagem, o influenciador que ostenta a vida perfeita. E no meio disso tudo, aquela voz sussurrando: “Você está ficando para trás.“
Mas Paulo não mandou Timóteo olhar para os lados. Mandou olhar para cima — para a vocação que havia recebido.
É isso que diferencia o discípulo. Ele não mede sua vida pelo que os outros conquistaram. Ele mede pelo chamado que recebeu. E quando você entende isso, a inveja perde força. A ansiedade diminui. A corrida dos outros deixa de ser a sua corrida.
Então, da próxima vez que a comparação bater, lembra dessas duas palavras: “Tu, porém.“
Tu, porém, és discípulo de Jesus. Tu, porém, tens uma vocação. Tu, porém, não precisas da aprovação que o mundo oferece.
Levanta a cabeça. Olha para onde foste chamado. E segue caminhando.
🧠 Processando na mente
📕 O que estou lendo:
Estudos do Novo Testamento - Scot McKnight
Estou revisitando este livro na seção sobre os estudos do livro de Apocalipse. É um belo manual para quem quer se situar na pesquisa acadêmica do Novo Testamento.
🎵 O que estou ouvindo:
🎬 O que estou assistindo:
Nas últimas semanas, junto com minha esposa, reassistimos as três primeiras temporadas de Stranger Things. Ontem, vimos o resumo da quarta temporada e já começamos o primeiro episódio da quinta.
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Victor Romão.



