Por que o Evangelho é um Fato Histórico, Não uma Filosofia de Vida
A descoberta que mudou minha forma de ensinar: quando o evangelho deixou de ser ideia e se tornou evento.
Quantas vezes você já ouviu alguém dizer: "Eu não vim trazer teologia, mas vim transmitir o Evangelho" ou "Isso aqui é o evangelho do Senhor!" para justificar praticamente qualquer coisa?
A verdade é que muitos cristãos hoje tratam a palavra "evangelho" como um rótulo genérico para qualquer verdade bíblica, opinião pessoal ou ensinamento que consideram importante. Mas essa simplificação nos faz perder de vista algo extraordinário: o evangelho é uma boa notícia específica que mudou o curso da história humana.
Voltando às Origens: O Contexto do Primeiro Século
Para entendermos verdadeiramente o que é o evangelho, precisamos voltar ao mundo do Novo Testamento e compreender como essa palavra era usada muito antes dos cristãos começarem a utilizá-la.
A palavra "evangelho" vem do grego evangelion e, de fato, significa "boa notícia" ou "boa nova". Mas aqui está o ponto crucial: essa palavra não foi inventada pelos cristãos. Ela já existia no mundo greco-romano e tinha um contexto muito específico - político e militar.
Como Funcionavam as Boas Notícias no Império Romano
No mundo antigo, sem tecnologia de comunicação, um imperador ou rei enfrentava um desafio enorme: como comunicar informações importantes para um vasto território? Imagine que o imperador Augusto quisesse anunciar uma vitória militar para todo o império. Como essa informação chegaria às cidades distantes?
A resposta era simples: através de mensageiros especiais chamados arautos. Esses homens viajavam de cidade em cidade carregando as notícias oficiais do imperador.
Mas nem toda notícia era um evangelion. Para que uma mensagem recebesse essa designação especial, ela precisava conter três elementos fundamentais:
Um fato histórico - algo que realmente aconteceu no contexto imperial
Um arauto - um mensageiro autorizado a proclamar a notícia
Uma mensagem - o conteúdo específico da boa nova
Por exemplo: "Vencemos a batalha contra os bárbaros! O imperador conquistou novos territórios! A paz está estabelecida no império!"
Jesus e o Verdadeiro Evangelion
Quando Jesus disse aos seus discípulos "Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Marcos 16:15), eles não estavam pensando em livros ou doutrinas abstratas. Eles entenderam que tinham uma boa notícia específica para proclamar, seguindo o mesmo padrão que conheciam:
O Fato
Cristo Jesus morreu pelos nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras. Este não é um mito ou uma filosofia - é um acontecimento histórico que mudou tudo.
O Arauto
Os discípulos se tornam mensageiros autorizados. Paulo se via como um arauto do grande Rei, proclamando oficialmente a vitória de Cristo sobre o maior inimigo da humanidade: a morte.
A Mensagem
O conteúdo da proclamação é cristocêntrico: Jesus é o Cristo (o Rei ungido), Ele venceu a morte, estabeleceu Seu reino, e agora oferece perdão, vida nova e esperança eterna para todos os que se submetem ao Seu senhorio.
Por Que Isso Importa Hoje?
Esta compreensão transforma completamente nossa perspectiva sobre o evangelho:
1. O Evangelho é Sobre um Evento, Não Opinião
Quando Paulo diz em 1 Coríntios 15:17 "Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé", ele está enfatizando que o cristianismo se baseia em um fato histórico, não em ideias bonitas ou princípios morais.
2. Todo Cristão é um Arauto
Você não é apenas alguém que "tem uma religião" - você é um mensageiro oficial do Rei dos reis, proclamando a vitória definitiva de Cristo e convidando outros a se renderem ao Seu governo.
3. A Centralidade de Cristo
O evangelho não é sobre você se tornar uma pessoa melhor (embora isso aconteça). Não é sobre princípios de vida (embora os contenha). O evangelho é sobre Cristo - quem Ele é, o que Ele fez e como isso muda tudo.
4. A Urgência da Proclamação
Assim como um arauto imperial não poderia ficar calado sobre uma vitória do imperador, nós não podemos ficar silenciosos sobre a vitória de Cristo. A boa notícia exige proclamação!
A Diferença Entre Evangelho e Conselho
Muitos pregadores hoje pensam que estão proclamando o evangelho quando estão dando "bons conselhos". Mas um conselho diz: "Faça isso e você terá uma vida melhor." O evangelho diz: "Isso aconteceu com Jesus Cristo". Consegue perceber a diferença?
O conselho está centralizado no que você deve ou não fazer. A boa notícia trata-se de um evento importante que ocorreu - a morte e ressurreição de Cristo muda tudo no mundo - e também muda como enxergo o mundo.
Conselho: "Você precisa ser uma pessoa melhor"
Evangelho: "Cristo se sacrificou pelos seus pecados"
Conselho: "Siga estes passos para o sucesso"
Evangelho: "Cristo é Rei dos Reis e Senhor dos Senhores"
Conselho: "Ore mais para que Deus abençoe sua vida"
Evangelho: "Deus demonstrou Seu amor na Cruz do Calvário"
Vivendo a Realidade do Evangelho
Quando compreendemos verdadeiramente o evangelho, nossa vida cristã ganha uma nova dimensão. Não estamos mais tentando "agradar a Deus" ou "ser bons o suficiente". Estamos celebrando e proclamando uma vitória já conquistada.
O evangelho não é algo que você faz - é algo que foi feito e que agora transforma como você vive.
É por isso que Paulo podia dizer com tanta convicção: "Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Romanos 1:16). Ele sabia que carregava a maior notícia da história humana.
Uma Pergunta Para Reflexão
Da próxima vez que você ouvir alguém dizer "isso é o evangelho", pergunte-se: "Isso está realmente proclamando o fato histórico da morte e ressurreição de Cristo e suas implicações? Ou é apenas uma ideia ou até bom conselho?
Victor, mas palavra Evangelho não pode significar outras coisas? Essa palavra não carrega mais significados? Sim, mas sem o significado basilar, todos os outros caem por terra. Evangelho como boa notícia e não como ideia, conselho ou lei, é o primordial da nossa fé.
1 Coríntios 15,3-8: "Pois o que primeiramente transmiti a vocês foi o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Cefas e, mais tarde, aos Doze. Depois disso, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Em seguida, apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; finalmente, como a um que nasceu fora de tempo, apareceu também a mim".
Atualizações 📝
Meu último artigo, chamado "O Estado de Israel é o povo de Deus?", teve uma grande repercussão. Fiquei feliz com o resultado e quero compartilhar um dos feedbacks que confirmaram meu objetivo.
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É claro que surgiram perguntas e dúvidas também sobre o texto. É uma visão nova de um pentecostal para o pentecostalismo popular brasileiro. Por isso, futuramente, farei outros textos sobre o assunto, trazendo outros argumentos que não foram desenvolvidos por falta de espaço na primeira reflexão.
Outro sim… Ontem, tivemos uma ministração diferente na igreja. Eu e meu amigo Daniel falamos sobre os hábitos espirituais, tratamos sobre a disciplina cristã da solitude e silêncio.
🧠 Processando na mente
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Celebração da disciplina - Richard Foster
Revisitando um livro base para os cultos que estamos ministrando na igreja.
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Victor Romão.