O tal do "espírito crítico"
Por que você confunde crítica com repetição e como mudar isso 📌
Não é de hoje que escuto falar sobre o tal do "espírito crítico" ou "senso crítico".
Para ser mais exato, desde minha época de escola, escuto frases como "você não deve concordar com tudo, precisa ter o olhar crítico". Professores insistiam que deveríamos questionar as informações, não aceitar tudo passivamente, desenvolver nossa capacidade de análise.
Criticar virou um modo de educação. E trouxe sérios prejuízos.
Se você for honesto, perceberá que todo mundo que fala de senso crítico raramente o exerce. Isso acontece por uma razão simples: sem conteúdo valioso não existe espírito crítico.
O problema da crítica sem base
Como, por exemplo, eu no ensino fundamental poderia ter senso crítico sobre a "sombria" época medieval da igreja durante as raras aulas de história?
Para minha professora, eu era um bom aluno quando chamava a Idade Média de "período das trevas". Mas eu não fazia ideia de que foi nesse período que surgiram as primeiras universidades e a Bíblia foi cuidadosamente preservada pelos monges. Também não sabia que o termo "época das luzes" para o iluminismo foi criado justamente por seus pensadores, que se vangloriavam de sua nova visão e taxavam tudo o que veio antes de ignorância.
Eu simplesmente repetia as coisas. Mas como falava algo diferente do meu meio familiar, parecia crítico e inteligente. Na verdade, não era nada disso.
O grande equívoco sobre senso crítico
Muita gente confunde espírito crítico com coragem para se manifestar, opinar ou falar contra a corrente. Acham que questionar autoridades ou ter opiniões contrárias já é suficiente para serem consideradas pessoas críticas.
Mas se você faz tudo isso apenas porque ouviu alguém dizer, não está exercendo senso crítico. Está sendo menos que um humano... mais como um papagaio.
Deixe-me repetir: sem conteúdo valioso não existe espírito crítico.
A sequência correta é esta: primeiro você precisa de conteúdo, informações, humildade e esforço para captar a realidade. Só depois disso, e somente depois, poderá exercer um espírito crítico verdadeiro.
Mas atualmente ninguém considera esse princípio elementar.
Todo mundo quer opinar sobre tudo e sai feliz, achando que entende do assunto. Escuta um vídeo de influenciador aqui, participa de um grupo ali, e então sai reproduzindo o que ouviu de um lado só. Depois se orgulha de ser um crítico. Quando confrontado, ainda pensa que os outros não estão preparados para receber a "crítica".
A diferença entre crítica e papagaiar
É bem mais fácil criticar do que construir. Com toda certeza, é mais fácil repetir opiniões e falar superficialidades do que se dedicar aos estudos.
O que hoje é chamado de espírito crítico é, na verdade, opinião vazia. Como sei disso? Sempre que escuto uma grande exposição defendendo um ponto de vista, faço uma pergunta simples: "Certo, e o que o outro lado defende?"
Daí a conversa acaba.
O falador que parecia dominar um assunto pensa ser um crítico, mas é apenas um papagaio bem treinado. É fácil repetir o que fala o professor, o youtuber, o jornalista, o político e até o pastor.
Não me entenda mal - o espírito crítico é muito necessário. Mas ele tem hora certa para ser ativado. Se você não tem conteúdo suficiente, não terá o que analisar, refutar, questionar... criticar!
Um exemplo prático
Deixe-me explicar com um exemplo mais comum de nosso meio cristão.
Durante uma aula sobre Apocalipse, um rapaz me interrompeu: "Isso que você está falando não faz sentido. Somente o dispensacionalismo faz sentido bíblico."
Vale notar que eu não estava falando de escatologia (estudo sobre os últimos tempos) nem criticando o dispensacionalismo - uma corrente teológica específica. Mesmo assim, acolhi o comentário: "Certo, me explique em que ano surgiu a doutrina dispensacionalista e quem foi seu principal formulador."
Silêncio.
O rapaz havia sido moldado por vídeos de internet e debates entre pastores. Tinha argumentos prontos para defender seu ponto, parecia engajado e cheio de espírito crítico. Mas se você não sabe de onde surgiu uma ideia - principalmente aquela que defende com unhas e dentes - será que realmente a compreende?
Militante também pode ser papagaio. Na maioria dos casos, são os principais reprodutores com ares de crítica.
O exemplo de Jesus
É nessas horas que lembro do nosso bom Jesus. Veja Mateus 19:8-9: "Jesus respondeu: — Foi por causa da dureza do coração de vocês que Moisés permitiu que vocês repudiassem a mulher, mas não foi assim desde o princípio. Eu, porém, lhes digo..."
Percebe como o conteúdo é a base para a crítica? Jesus conhece profundamente o que seus opositores pensam e acreditam. Sabe também o que Moisés ensinava no passado. Mas como tinha ciência de que o Deus criador vem antes de Moisés, compreendia o motivo da lei passada e seus limites. Só então pronuncia um "eu, porém, lhes digo..."
Jesus poderia simplesmente dizer o que quisesse e seria feito. Mas não é assim que ele age. Ao contrário, Jesus demonstra ter conteúdo sólido. Apresenta esse conhecimento e só então faz sua crítica construtiva.
Conclusão
Portanto, caro leitor, o tal do "espírito crítico" existe e é necessário. Mas só o teremos quando estudarmos o suficiente para ter recursos consistentes e sólidos para manuseá-lo com responsabilidade.
Antes disso, somos apenas papagaios bem treinados.
🧠 Processando na mente
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Também chamada de "a doutrina dos apóstolos". Um belo texto do século I, que busca orientar os cristãos.
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Victor Romão.
No livro Por que os alunos não gostam da escola?, o psicólogo Daniel T. Willingham fala exatamente sobre isso 🥹 Não existe pensamento crítico sem que antes o aluno domine os fatos, teorias etc
pura verdade professor muitas as vezes , escuto alguém debater algo sem confiança nem conhece o assunto e quer está certo , a crítica necessariamente precisa existir com base no estudo bem exegetico