Emanuel: O Natal é Deus Chegando Perto
Quando Deus escolhe o que não tem valor, entra na nossa fragilidade e renova nossa esperança
Chegamos ao final de mais um ano. Contei ao menos 50 textos enviados para sua caixa de e-mail e isso me traz uma alegria sem igual. A constância para produzir algo de valor para você não foi fácil, mas isso é apenas o começo. Já estou planejando as reflexões, artigos e estudos para o próximo ano e tenho certeza de que irão ajudar no seu crescimento como discípulo do Senhor.
Hoje, quero refletir com você sobre o Natal. A reflexão aqui é fruto da minha ministração na igreja no último domingo, e acredito que preciso compartilhar com você também.
Deus não opera onde tem bagunça?
Um dia, uma pessoa muito crente — mas muito crente mesmo — me disse: “Victor, Deus não opera onde tem bagunça. Se você vê algo confuso, conturbado, desorganizado, pode ter certeza: ali não é Deus não.”
Essa ideia até parece fazer sentido, não é? Mas é justamente o contrário do que a história do Natal nos mostra.
Presta atenção na “confusão” dessa história: Maria não é casada ainda, é noiva. Ela engravida, mas não de José, e sim do Espírito Santo. José vai casar às pressas, sem lua de mel, e ninguém pode saber que o filho não é dele. Quem vai acreditar nessa história? Que confusão! Cadê a ordem do mundo? Cadê a ordem natural da criação? Está tudo fora do lugar!
E não para por aí.
Deus é grande, poderoso, forte. Onipotente, onisciente. Fogo consumidor. Ele vence batalhas, criou o mundo, o mar e tudo o que nele há. E esse Deus escolhe morar na barriga de uma mulher simples, casada com um carpinteiro, em uma cidade chamada Nazaré.
Nazaré! Para ter uma ideia, Nazaré seria como uma cidadezinha do interior brasileiro, daquelas que a gente pensa “ah, vou lá fazer uma missão, ajudar o povo“, mas nunca imaginaríamos que de lá viria o Salvador do mundo.
Deus grande habitando num ventre. No ventre de uma mulher simples. Crescendo numa família de uma cidade sem relevância, sem riqueza, sem status. Tudo aqui é frágil. Tudo aqui é simples. Para quem esperava um Deus majestoso descendo com trovões e relâmpagos, isso é loucura. É confusão!
Então aquela frase que eu ouvi está errada. Porque algo pode parecer confuso, bagunçado, desorganizado na nossa perspectiva, na nossa lógica. Mas na lógica de Deus está tudo certo. Está tudo alinhado.
Na nossa lógica, Deus é grande demais — e por isso está longe, lá no céu, no trono, distante. Mas na lógica de Deus, o Senhor está perto. É Deus conosco. Emanuel (Mt 1:18-25).
O grande tema do Natal
Sabe qual é o grande tema do Natal? Não é apenas que Deus veio. É como Ele veio.
Emanuel — Deus Conosco — não é “Deus distante”, “Deus longe”, “Deus tão grande que é inacessível”, “Deus que só observa de cima”, “Deus que não se importa”, “Deus que não faz ideia do que é sofrimento ou simplicidade”.
Não. É Deus aqui. Deus perto. Deus junto. Deus no meio da nossa realidade, da nossa fragilidade, da nossa pequenez. Deus no meio do improvável.
Isso é Natal. É Deus perto.
E se Deus escolheu chegar perto assim, o que isso muda para a gente?
Deus valoriza o que aparentemente não tem valor
Significa que “Deus conosco”, “Deus perto”, não pode ficar separado de como Ele veio perto. Deus se fez perto em uma cidade esquecida, numa família simples, numa situação constrangedora. E isso nos leva a entender algo fundamental sobre o Natal: Deus valoriza o que aparentemente não tem valor.
A mensagem do Natal é uma mudança radical do que deve ser valorizado. Deus intencionalmente escolhe uma situação que não tem valor social nenhum para encarnar. O Natal é um grito contra o nosso mundo que pensa que valor está no mais rico, no mais forte, no que mais acumula, no que tem mais seguidores, em quem mais pode conquistar.
Mas Deus? Deus valoriza quem não tem nada para dar ou oferecer.
Então escuta bem: se você pensa que pode ser tocado por Deus apenas quando tiver mais dinheiro, apenas quando tiver um emprego melhor, apenas quando tudo na sua família estiver organizado, ou apenas quando parar de passar por um momento de dor e tristeza... você está muito enganado.
Deus escolheu justamente o nosso tempo, e nós — frágeis seres humanos que somos — antes de tudo estar arrumado e bonito, antes de tudo estar perfeito para recebê-lo. Ele está aqui do nosso lado agora. Antes de você ter uma vida perfeita. Antes de você ter algo para oferecer a Ele.
Ele está aqui do nosso lado nos dizendo: “Eu estou perto de você e não te deixarei. Não pelo que você tem para me oferecer, mas por quem Eu sou. Eu sou aquele que está perto!“
Portanto, a primeira coisa que o Natal tem que te trazer é alegria. É regozijo. Você pode se alegrar pelo fato de que Ele, por Sua bondade, não está esperando você melhorar para chegar perto. Ele já chegou. Já está aqui. E não vai embora.
Pode parar de se esconder. Pode parar de achar que não é suficiente. Porque o Natal é Deus dizendo: “Eu te vejo, vejo toda a sua situação, tudo que está em volta e mesmo assim estou perto. E estou perto para transformar sua vida e demonstrar minha glória.”
Um Natal de esperança
Quando olho para essa história do Natal — para Maria, José, a cidade de Nazaré e aquela manjedoura em Belém — eu não vejo apenas um evento distante que aconteceu há dois mil anos. Eu vejo um padrão. Eu vejo como Deus age. Eu vejo esperança para hoje.
Porque se Deus escolheu começar a maior história de redenção do mundo em meio à confusão, ao improvável, ao que ninguém esperava... então Ele pode agir em nossa história também.
Que essa verdade te acompanhe não só hoje, mas todos os dias do próximo ano. E que possamos continuar juntos nessa caminhada de discipulado, aprendendo, crescendo e nos aproximando cada vez mais Daquele que, por amor, escolheu chegar perto de nós.
Feliz Natal!



