3 Diferenças Entre Aceitar Jesus e Ser Seu Discípulo
Entenda o que Jesus realmente estava convidando você a fazer quando disse "siga-me" e como isso muda sua caminhada cristã
Eu praticamente nasci na igreja. Minha mãe era minha professora da salinha, e temas bíblicos sempre fizeram parte do meu imaginário. Vi inúmeras pessoas “aceitando Jesus” ao longo da vida. Participei de dezenas de cultos onde o convite final era sempre o mesmo: “Aceite Jesus em seu coração”.
Mas foi bem mais velho, e curiosamente fora das paredes da igreja — através da leitura de livros cristãos —, que ouvi falar pela primeira vez sobre “hábitos espirituais” ou “disciplinas espirituais”.
Confesso que fiquei chateado. Senti que haviam escondido algo valioso da minha formação cristã. E, de fato, foi exatamente o que aconteceu.
Demorei para entender que a graça de Deus não elimina meu esforço no seguimento a Jesus. Pelo contrário: ela me capacita a adquirir, através de constante dedicação, hábitos que transformam meu caráter e personalidade. É sobre esse tema precioso que meu amigo Daniel falará hoje. Ele escreveu um texto para minha newsletter explicando a importância do verdadeiro discipulado cristão e da cultivação dos hábitos espirituais.
Espero que abençoe você tanto quanto me abençoou.
Por Daniel Batista
Você aceitou Jesus ou se tornou discípulo dele?
Por um momento este questionamento pode soar estranho. Como assim? Se aceitei Jesus, é claro que me tornei seu discípulo.
Me perdoe desapontá-lo, mas levantar as mãos declarando que você “aceita” Jesus como Senhor e Salvador não faz de você um seguidor dele.
Aliás, “aceitá-lo“ não foi — e não é — o convite de Jesus.
1. O Verdadeiro Convite de Jesus
Quando Jesus inicia seu ministério nos povoados da Galileia, ele começa anunciando uma boa notícia a todos e fazendo um convite específico para alguns homens:
“Então, Jesus lhes disse: — Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens. No mesmo instante, eles deixaram as redes e o seguiram. Indo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago e João, filhos de Zebedeu. Eles estavam no barco com Zebedeu, o seu pai, preparando as redes. Jesus os chamou, e eles, deixando imediatamente o barco e o pai, o seguiram.” (Mateus 4.19-22)
O convite de Jesus era simples, claro e direto: Siga-me.
Jesus não estava convidando esses homens para aceitá-lo, crer nele ou fazer parte de um projeto de vida cheio de conquistas e poder.
O convite de Jesus era para o discipulado.
No contexto judaico da época, os meninos mais notáveis, a partir dos 14 anos, tornavam-se Talmidim de algum Rabi (mestre). Esses meninos já haviam decorado todo o Antigo Testamento e, a partir de então, passavam a andar com seu mestre e viver com ele — não apenas para aprender a interpretar a Lei, mas para se tornar como o mestre.
Quando Jesus faz o convite para segui-lo, ele está convidando estes homens a andarem com ele a fim de se tornarem como ele mesmo.
O convite de Jesus, portanto, é para seguir seus passos tão de perto que nos tornemos parecidos com ele em tudo. Ele não está convidando pessoas a fazer parte de uma comunidade de fé ou crer em Deus e em sua palavra — ele está convidando pessoas a se tornarem seus discípulos.
É claro que não estou dizendo que fazer parte de uma igreja não é necessário, nem que você não precisa crer nele e em suas palavras. Seria até contraditório!
O que estou destacando é que muitas pessoas têm tudo isso, mas ainda assim não se tornaram discípulos de Jesus.
2. Discipulado É Um Caminho, Não Um Momento
Se o convite de Jesus é para segui-lo, logo entendemos que o projeto dele é para toda nossa vida — ele está nos convidando para uma caminhada. A vida com ele não é algo instantâneo e momentâneo, mas uma construção ao longo do tempo.
Quando Jesus explica aos seus discípulos o que seria o Reino de Deus, ele o compara com uma semente que germina, cresce e se torna uma grande árvore.
Jesus está falando de processo e de tempo. Seu convite de discipulado é para entrar nesse processo onde ele vai nos moldando dia após dia até nos tornarmos conforme a sua imagem.
Esse processo é feito com obediência, fé, relacionamento e hábitos.
Sim, isso mesmo! O discipulado de Jesus implica em ter bons hábitos.
O convite de Jesus acontece diariamente, e para cumprir e estar em seu projeto, faz-se necessário cultivar bons hábitos.
3. Hábitos Espirituais: A Ferramenta Esquecida da Transformação
Você certamente tem hábitos. Resta saber se seus hábitos são bons e se te aproximam do discipulado de Jesus ou se estão te afastando da caminhada.
Em regra, nossos hábitos são ruins. Isso mesmo! Nossa condição humana é pecadora, logo nossa tendência é termos hábitos pecaminosos que nos afastam do discipulado. Eu e você temos maus hábitos arraigados.
Quer ver um exemplo? Nós brasileiros temos o hábito de tudo querer dar um jeito para se dar bem — é o famoso jeitinho brasileiro. Um mau hábito arraigado em nossa cultura.
O que estou dizendo é que, naturalmente, por conta de nossa condição, cultivamos maus hábitos, um estilo de vida que mais nos afasta do que nos aproxima do convite de Jesus.
É necessário, então, de forma intencional, começar a cultivar hábitos que nos colocam no discipulado de Jesus. Chamo-os de hábitos espirituais.
Você já deve ter ouvido sobre isso com outro nome: disciplinas espirituais.
No entanto, uso “hábitos” porque quero destacar a ideia de ser algo que deve ser cultivado continuamente em nossa vida — algo que realmente se torna parte do nosso dia. Alguns deles:
Jejum
Oração
Estudo
Silêncio
Solitude
Serviço
Os hábitos espirituais servem para aprofundarmos nossa relação com Jesus e para que nossa “natureza” seja transformada e governada pelo Espírito Santo.
“As disciplinas espirituais são meios pelos quais colocamos nós mesmos onde Deus pode nos transformar” (Richard Foster - Celebrando a Disciplina)
Esses hábitos nos ajudam a sair da superfície da vida com Deus e nos levam para algo mais profundo. Eles nos ajudam a olhar mais para Cristo — isto é, estarmos sensíveis e perceptíveis ao que Deus está falando e fazendo.
Sem os bons hábitos espirituais, você vive de momentos com Deus. Aquele tipo de pessoa que se atenta ao movimento de Deus apenas aos domingos nos cultos, mas passa a semana inteira focada “em sua vida”, sem viver o discipulado de Jesus em seus dias.
O próprio Jesus cultivou esses hábitos enquanto esteve aqui. Ele orava periodicamente, se afastava da multidão para um momento de reclusão a sós, jejuou 40 dias antes de ser tentado pelo diabo. Ou seja, Jesus entendia a necessidade e importância de uma vida cultivada pelos hábitos espirituais.
E Você?
Os hábitos que você tem cultivado em sua vida estão te afastando do discipulado ou te aproximando?
O convite de Jesus é segui-lo, e isso implica em cultivarmos os hábitos espirituais.
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